segunda-feira, março 19, 2012

A verdade por trás da manchete de jornal

No último sábado, segundo O Globo, Thor Batista se envolveu em um acidente, por volta das 19h20m, no km 101 da BR-040, que liga o Rio de Janeiro a Juiz de Fora (MG), nas proximidades do distrito de Xerém, Duque de Caxias, Baixada. O ciclista Wanderson Pereira dos Santos, 30, que cruzava a pista, foi atingido pelo Mercedes SLR MacLaren prata guiado por Thor e morreu na hora.

O triste acontecimento tem muito a nos fazer pensar. Uma pessoa andava de bicicleta em uma estrada cuja velocidade permitida é de 110 km/h, à noite, no escuro. Outra pessoa a atropelou. O atropelado foi a maior vítima e morreu. O atropelador é (muitooo) rico e o caso ganhou destaque nacional. 

Quantos acidentes como este acontecem todos os dias e não viram notícia? Por que as pessoas ainda correm riscos como o de andar de bicicleta em uma estrada à noite? Por que não há outros caminhos mais seguros? Por que mesmo quando há caminhos seguros as pessoas optam por correr riscos? Vejo muita gente atravessar pistas de velocidade no meio dos carros mesmo havendo passarela de pedestre mais adiante. Por que há tanta impunidade de todos os lados? 

Há um coro pedindo que se faça "Jostiça" em relação à morte do rapaz, gente querendo ver se o "filhinho de papai" será preso ou não. Tem gente que já julgou e já condenou o atropelador antes mesmo da polícia e da Justiça. Eu me pergunto: e se tudo o que o atropelador tenha feito de "errado" tiver sido estar na hora errada no lugar errado? 

Mesmo que ele não tenha feito nada errado além de estar na hora errada no lugar errado, ele carregará a culpa emocional (e talvez uma pena jurídica) de ter matado uma pessoa. Pelo que vi nas matérias o menino fez tudo o que podia naquele momento. O bafômetro não acusou álcool, ele estaria na velocidade permitida, prestou socorro, se apresentou à delegacia... Mas mesmo assim, tem gente querendo sangue, gente querendo mais. Tem gente que não consegue ver que o atropelador também pode ser mais uma vítima de um sistema em que ninguém se responsabiliza pelos seus atos e em que o Governo também finge que não tem a obrigação de garantir a segurança de todos. Se a via pública fosse mais iluminada, se houvesse ciclovia, se as pessoas se cuidassem mais, se... talvez o rapaz não tivesse morrido.

Não estou apontando culpados, pois acho que nada mudará o que aconteceu. Mas podemos tentar mudar nossa triste realidade para que casos assim não aconteçam mais. E para que o Brasil realmente se torne um país de todos. Em que pobres e ricos sejam igualmente respeitados. Em que os pobres consigam viver com dignidade, mas também em que os ricos tenham o direito (segundo a sociedade) de serem inocentes até que provem o contrário, quando forem REALMENTE inocentes. 

Isso é algo muito longe de nossa realidade. Mas se é possível em lugares, talvez, um dia, quem sabe... isso seja possível também no Brasil.

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