sexta-feira, junho 20, 2008

Outros sonhos

Não tem jeito. Chico Buarque tem uma capacidade monstruosa de me fazer sonhar, de me desligar de qualquer realidade para um tempo da delicadeza. Parece uma injeção de um calmante forte, uma droga extasiante. Chico, muito obrigada por todos os sonhos que você me proporciona sonhar.

Outros sonhos, Chico Buarque

“Sonhei que o fogo gelou, sonhei que a neve fervia. Sonhei que ela corava quando me via. Sonhei que ao meio-dia, havia intenso luar e o povo se embevecia. Se empetecava João, se impiriquitava Maria. Doentes do coração dançavam na enfermaria. E a beleza não fenecia. Belo e sereno era o som que lá no morro se ouvia. Eu sei que o sonho era bom porque ela sorria até quando chovia. Guris inertes no chão falavam de astronomia. E me jurava o diabo que Deus existia. De mão em mão o ladrão relógios distribuía e a polícia já não batia. De noite raiava o sol que todo mundo aplaudia. Maconha só se comprava na tabacaria, drogas na drogaria. Um passarinho espanhol cantava esta melodia. E com sotaque, esta letra de sua autoria. Sonhei que o fogo gelou. Sonhei que a neve fervia. E por sonhar o impossível, ai... Sonhei que tu me querias!

Soñé que el fuego heló
Soñé que la nieve ardia
Y por soñar el impossible, ay, ay
Soñe que tu me querias.”

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