quarta-feira, agosto 29, 2007

João Cabral de Melo Neto

“A editora objetiva está lançando agora a obra completa de João Cabral de Melo Neto, pela coleção Alfaguara e, assim, revitaliza um dos maiores poetas do mundo, que muito brasileiro desconhece.
(...)
João passou a vida com uma dor de cabeça torturante – não era para menos. Que cabeço agüenta esse esforço permanente de ter dois microscópios no lugar dos olhos, de flagrar o decorrer do tempo no alpendre, no canavial, o tempo corroendo as coisas como um vento invisível? (Van Gogh pintou o tempo se passando no espaço e se matou).
Como Proust, João Cabral também fez a geometria dos sentimentos, descrevendo a planta baixa das emoções, (...) sempre comparando matéria com matéria, mostrando que mulher é igual a fruta, que a praia é o lençol na cama, que a bailarina espanhola é a égua e a cavaleira, que o rio tem dentes podres, que o cão não tem plumas (...).
João Cabral nem parece um artista; parece cientista, matemático, o que fortalece o seu sopro lírico, domado, mas circulando como sangue dentro da pedra. (...)
Jovens, leiam João Cabral e salvem-se!”

Arnaldo Jabor, João Cabral nos mostra o Brasil em negativo.

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