Carta a Cora

Cora, querida,
A intimidade do “querida” vem daquela sensação que temos de que conhecemos uma pessoa porque a admiramos e acompanhamos o trabalho dela. Pois bem, o jornal de quinta para mim traz um prazer especial, ou, como diria o sobrinho de uma amiga, um “bônus extra”, como nos joguinhos eletrônicos.
Adoro a leveza de sua escrita e hoje criei coragem para te escrever. Sim, Zuzu é cinema de verdade. Sim, eu também queria tomar dessas pílulas azuis que anestesiam da realidade. Mas não as acho. E como não as acho, sigo tentando fugir para Marte. E é nesse ponto em que discordo de você. O problema não está apenas com o Brasil. Não devemos dizer aos turistas para, simplesmente, irem a outro país. Devemos mandá-los visitarem outro planeta, desbravar o Universo! Nosso planeta todo anda feio, cheio de guerras e sujo de sangue, Cora! Deve existir coisa melhor no meio do que chamam de caos do universo.
Brincadeiras de universo paralelo à parte, recifense moradora do Rio que sou, consigo ainda ver alguma poesia e beleza aqui. Principalmente na Lagoa. Lá, converso com Deus. Recife é bem mais caótico. Acredite. A violência lá é maior. As oportunidades, menores. E os políticos então... dá até nojo mencioná-los. O Rio ainda tem Gabeira, Pernambuco, Severino Cavalcanti. Quer trocar?
Um beijo,
Tati :-)