segunda-feira, novembro 21, 2005

Prisão Liberdade

Cansada. Muito cansada. Sempre cansada. Era assim que nossa heroína se sentia. Não, ela não queria ser heroína. Não, não era cansaço. Era insatisfação. Nossa heroína anti-heroína vivia insatisfeita com a vida. Queria sempre mais. E o querer sem fim cansava. Ela queria liberdade. Mas tanta liberdade que acabava presa pelo desejo inalcançável. Um desejo que não sabia explicar de que era. Sabia apenas que era um desejo de “mais”. Um desejo opressor que não permitia que ela descansasse, aproveitasse ou parasse. Nossa heroína anti-heroína era uma mulher. E isso não precisava ser dito porque o gênero feminino já estava impresso nos adjetivos. Cansada e insatisfeita. Apesar de ainda jovem.
Ela tinha medo da mediocridade. Mas por que cargas d’água a heroína anti-heroína (e depois explico o porquê do “anti-heroína”) tinha tanto medo da mediocridade? Mediocridade para ela era a submissão.
Queria mudar o mundo. Não o mundo do mundo. Mas o seu mundo. Não gostava do seu mundo de espera. Estava cansada de esperar. Impaciente não sabia que o futuro ainda não tinha chegado. Não estava ainda no auge. Mas queria o auge para ontem. E sufocada nessa bola de neve, sentia-se sem ar, sem vida. Cansada. Muito cansada. Levantar da cama era um tormento. Para que lutar se não havia um pódio ao fim do dia? Bobinha, não sabia ela ainda que existem sim pódios para cada dia. Ela não os via porque estava cega pelo desejo de “mais sei lá o que”. Estava simplesmente esgotada de insatisfação.

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