segunda-feira, agosto 22, 2005

Encantado ao lado meu


Por tempos imaginei a cena. Algumas vezes ensaiei diálogos. E monólgos. Para segundo depois rir de mim e concluir que no dia que o visse nada saíria de minha boca. Mesmo que ela ficasse aberta. Mesmo eu sendo uma tagarela. Os eu te amos que gritei tantas vezes para aparelhos de som, ficariam caladinhos em meu coração, tinha certeza. No máximo eu sorriria.

Tantas vezes o procurei. Pelas ruas ou em teatros. De Recife, Paris ou Rio de Janeiro. Para ele escrevi música, poesia, conto, artigos.
Quantas vezes me surpreendi com seus arranjos de palavras, de sons, de imagens. Quantas vezes duvidei que existisse de verdade. Ele era um sonho bom de sonhar. Daqueles que nos faz acordar no tempo da delicadeza.
Eu o vi. Num anfiteatro. Num dia de agosto. E o tempo parou. O mundo ao meu redor desapareceu. Não era o artista que estava à minha frente. Era um mito. E eu, com medo de diminui-lo, nada ousei tirar dele. Nem uma foto, nem um autógrafo sequer. O que ele me dá com sua obra basta.
Encantada ao lado dele, bastou-me seguir seus passos. Com toda a poesia que poderia conter esse ato. Ele é um andarilho. E eu segui seus passos.
Dentro de mim uma revolução se fez. Me fiz uma roda-viva, virei Maria, Iracema, Joana, Cecília, Carolina e a Bailarina. Tudo numa fração de segundo. Se estivesse sozinha, acharia que não tinha acontecido. Não satisfeita, voltei para conferir. E com uma camiseta que resumia tudo o que minha boca não disse: “you are the one”, segui seus passos outra vez. Até que ele fugiu de mim por labirintos e alçapões... Não faz mal, Chico. Eu te sequestrei... vou te reter pra sempre na minha idéia...

PS: Post com 3 dias de atraso.

2 comentários:

Anônimo disse...

não foi atraso, foi transe...

Anônimo disse...

Adorei!
Tava esperando essa crônica desde o acontecido :)