domingo, março 13, 2005

Inacreditável Copacabana

Andava eu pela Nossa Senhora de Copacabana, numa sexta-feira movimentada, duas horas da tarde. Trazia na mente ainda a primeira notícia que escutara do rádio naquele dia: duas mulheres tinham sido esfaqueadas numa briga, ao amanhecer, na esquina de minha casa, a dois quarteirões dali. De repente: vejo um menino, de seus dez, doze anos, dando gargalhadas, brincando com um carrinho de controle-remoto. A felicidade do menino vinha por vencer o desafio de fazer com que o carrinho contornasse as grandes rodas de um ônibus parado no sinal fechado. Inacreditável como no meio de tanto tumulto, havia um menino sendo menino, ao modo que lhe era permitido ser. O menino que não pode mais jogar bola na rua era gordinho e desajeitado, mas sentado na esquina da Nossa Senhora de Copacabana com Belfort Roxo era menino e brincava de carrinho. E com seu controle-remoto controlava a atenção de quem, como eu, parou para vê-lo brincar. Ele era o dono da rua! Até que o sinal abriu, e eu torci junto com ele para que desse tempo de seu carrinho atravessar a rua sem ser atropelado por nenhum outro carro de verdade, dirigido por uma pessoa grande que já teria esquecido como contornar com suas rodas...
Ainda bem que deu tempo!

Um comentário:

Anônimo disse...

Tati, tá muito legal seu blog! Adorei! Em textos como esse, a gente tem preservada a pureza do nosso espírito. Que a vida a conserve sempre assim... vendo o lado bom das coisas e sendo otimista. Te amo, prima. bjão.